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Cosmogonia
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Cosmogonia - , 
2/21/2021 12:19:12 PM | Por Robert Graves
Mitos de Criação Filosóficos

Reza a lenda que primeiro foi a Escuridão, e da Escuridão surgiu o Caos. Da união entre a Escuridão e o Caos surgiram a Noite, o Dia, Erebo e o Ar. Da união entre a Noite e Erebo surgiram o Destino, a Velhice, a Morte, o Assassinato, a Moderação, o Sono, os Sonhos, a Discórdia, a Miséria, a Aflição, Nemesis, a Alegria, a Amizade, a Misericórdia, as três Parcas e as três Hesperides. Da união entre o Ar e o Dia surgiram a Mãe Terra, o Céu e o Mar.

Da união entre o Ar e a Mãe Terra surgiram o Terror, o Ofício, a Raiva, a Luta, as Mentiras, os Juramentos, a Vingança, a lntemperança, a Altercação, o Pacto, o Esquecimento, o Medo, o Orgulho, a Batalha e também Oceano, Metis e outros titãs, o Tártaro e as três Erínias, ou Fúrias.

Da união entre a Terra e o Tártaro surgiram os gigantes.

Da união entre o Mar e seus Rios surgiram as nereidas. Mas, ate então, não havia mortais, de maneira que, com o consentimento da deusa Atena, Prometeu, filho de Japeto, formou-os à semelhança dos deuses. Utilizou-se de barro e agua de Panopeus na Fócida, e Atena insuflou vida neles.

Contam ainda que o Deus de Todas as Coisas - não importa quem tenha sido, alguns o chamam de Natureza - surgiu subitamente no meio do Caos e separou a terra dos céus, a agua da terra e o ar de cima do ar de baixo. Apos desenredar os elementos, colocou-os na devida ordem, assim como podem ser encontrados agora. Ele dividiu a terra em zonas, algumas muito quentes, outras muito frias, outras temperadas, modelou-a em planícies e montanhas e a revestiu de plantas rasteiras e arvores. Acima dela, fixou o firmamento giratório enfeitado de estrelas e estabeleceu estações para os quatro ventos. Povoou as aguas com peixes, a terra com animais e o céu com o Sol, a Lua e os cinco planetas. Finalmente, fez o homem - união entre os animais que ergue o rosto para o céu e observa o Sol, a Lua e as estrelas -, a não ser que seja de fato verdade que Prometeu, filho de Japeto, tenha feito o corpo do homem com base em agua e barro, e que sua alma tenha sido fornecida por certos elementos divinos errantes, sobreviventes da Primeira Criação.

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Na Teogonia de Hesíodo - em que se baseia o primeiro destes mitos filosóficos -, a lista de abstrações é confundida pelas nereidas, pelos titãs e pelos gigantes, os quais ele se sente na obrigação de incluir. Tanto as três Parcas quanto as três Hesperides constituem a deusa-Lua tripla em seu aspecto de morte.

Quanto ao segundo mito, encontrado apenas em Ovídio, os gregos tardios tomaram-no emprestado da epopeia babilônica de Gilgamesh, cuja introdução registra a criação particular da deusa Aruru do primeiro homem, Eabini, a partir de um pedaço de argila. Mas, embora Zeus houvesse sido o Senhor Universal por vários séculos, os mitógrafos viram-se forçados a admitir que o Criador de todas as coisas pode bem ter sido uma Criadora. Os judeus, como herdeiros do mito "pelasgo" ou cananeu, sentiram o mesmo embaraço. No relato do Genesis, um "Espirito do Senhor" fêmeo move-se por cima das águas, embora não ponha o ovo do mundo; e Eva, "a Mãe de Todos os Viventes", recebe a ordem de esmagar a cabeça da Serpente, embora esta não se veja obrigada a descer até às Profundezas do fim do mundo.

De maneira semelhante, na versão talmúdica da Criação, o arcanjo Miguel - a contraparte de Prometeu - forma Adão a partir do pó atendendo as ordens não da Mãe de Todos os Viventes, mas de Jeová. Jeová então insufla vida nele e o da a Eva, que, como Pandora, traz prejuízos à humanidade.  Os filósofos gregos diferenciaram o homem prometeico da imperfeita criação nascida da terra, parcialmente destruída por Zeus e cujo resto foi levado pela agua durante o dilúvio de Deucalião. Uma diferenciação muito semelhante pode ser encontrada no Genesis VI. 2-4 entre os "filhos de Deus" e as "filhas dos homens" com quem eles se casavam.

As tábuas de Gilgamesh são tardias e equivocas. La acredita-se que a "Brilhante Mãe do Vazio" tenha formado tudo - "Aruru" é apenas um dos numerosos títulos dessa deusa -, e o tema principal é a revolta contra a ordem matriarcal, descrita como uma confusão absoluta provocada pelos deuses da nova ordem patriarcal. Marduk, o deus-cidade babilônico, finalmente derrota a deusa na pessoa de Tiamat, a Serpente do Mar. E, então, anuncia-se descaradamente que ele, e ninguém mais, criara as plantas, as terras, os rios, os animais, os pássaros e a humanidade. Esse Marduk foi uma divindade menor que subitamente ascendeu, cuja alegação de ter derrotado Tiamat e criado o mundo havia sido feita antes pelo deus Bel - uma forma masculina de Belili, a deusa-mae suméria. A transição do matriarcado para o patriarcado parece ter ocorrido na Mesopotâmia, assim como em outros lugares, devido à revolta do consorte da Rainha, a quem ela havia outorgado o poder executivo, permitindo-lhe usar seu nome, suas vestes e seus instrumentos sagrados.

Mitologia - Mitologia Grega
Texto - , 
1/23/2021 5:28:45 PM | Por Simon Roberts
Mitos de criação e conselhos práticos finlandeses

Para além de contar as muitas aventuras de Vãinãmõinen,  llmarinen e Lemminkainen, o Kalevala descreve em pormenor as origens de várias coisas como o ferro
e o fogo, entre outras. Estes «mitos das origens» são como que encantamentos que conferem poderes místicos a quem os recita. O Kalevala também fornece conselhos práticos para leitores e ouvintes. Um capítulo inteiro (Runa) do Kalev é dedicado a conselhos às noivas. Escutai, oh donzela, o que vos conto, O que digo e o que vos conto,
Não deveis ir sem a roupa,
Nem sem camisa para a diversão, Nem andar sem roupa interior, E sem os sapatos a arrastar os pés,
Pois em choque ficará o noivo,
e o jovem marido de nariz torcido.
TRADUÇÃO LIVRE DA VERSÃO INGLESA DE W.F.KIRBY (1907)

Xamanismo e cultos ancestrais

Os Finlandeses da antigüidade acreditavam em um mundo tripartido. Em cima estavam os céus, onde viviam
os deuses, enquanto os vivos habitavam uma ilha rodeada por um grande rio. Do outro lado do rio, encontrava-se o reino da morte, Tuonela.

A unidade familiar era considerada como incluindo os membros vivos e os que tinham atravessado o rio pai o reino da morte. Os mortos não se libertavam dos seus deveres individuais ou familiares; o falecido continuava a fazer parte das vidas dos descendentes sob várias formas. Por outro lado, aos vivos era exigida a observância rigor dos rituais antigos e a continuação do trabalho dos ante passados. Esta prática estava profundamente enraizada na noção de vida familiar nos antigos Finlandeses.

Se os ritos de passagem para o Tuonela não eram devidamente cumpridos, o morto poderia tornar-se nurr alma penada, a que chamavam sijattomat sielut, que assombrava a casa de futuras gerações da família,
em vez de se integrar na unidade familiar alargada.

O Reino dos Mortos

Na mitologia finlandesa, o reino
dos mortos não é considerado como
um lugar de punição. Embora seja mais escuro que os outros reinos, o Sol brilha
e as plantas crescem. É governado pelo
rei Tuoni e pela sua mulher, Tuonetar.
As duas filhas são visões terríveis e causam toda a espécie de doenças e mal-estares.

Os antigos Finlandeses acreditavam
que era possível viajar até Tuonela, se bem
que a tentativa fosse como que uma morte
horrorosa, que, se não ocorresse na floresta densa e escura, a caminho, então ocorreria quase seguramente às mãos
dos habitantes do reino dos mortos. Lemminkainen,
um jovem, viajou até às margens do rio negro que rodeia
o reino dos mortos, quando ia em perseguição de um cisne maravilhoso; entrou no rio e ficou aos pedaços. Foi um trabalhão para a mãe, que teve de usar todas as suas habilidades mágicas para voltar a tê-lo inteiro.

Vãinãmõinen foi o único que pôde visitar o reino dos mortos e voltar vivo para contar a história.

Tinha viajado para Tuonela em busca de um encantamento que o ajudasse
a acabar o seu barco de cobre. Foi-lhe oferecida uma infusão de sapos e vermes, por Tuonetar, que lhe disse que ele jamais seria autorizado a partir. Mas, nessa noite, transformou-se em uma espécie de serpente e fugiu.

Os Xamãs

Uma família podia contatar com os antepassados do reino dos mortos através de um xamã que os convocava batendo no seu tambor mágico. Um xamã podia também comer certas espécies de cogumelos para ficar em um estado de transe necessário à comunicação com o morto.

Os sucessivos vizinhos e ocupantes da Finlândia olhavam para os xamãs com suspeição e medo. Na Idade Média,
os reis da Noruega proibiram os seus súbditos de viajarem para a Finlândia, para contatarem os xamãs. Nos séculos
XVI e XVII as autoridades suecas tentaram retirar-lhes as suas capacidades confiscando-lhes os tambores (quodbas).

Animismo

Há que ter algum cuidado quando se usa o Kalevala como um meio para averiguar as crenças dos antigos Finlandeses. Embora os cantares sejam
de origem primitiva, foram colecionados no século XIX
e ostentam algumas influências externas.

As análises feitas ao Kalevala
a respeito do lugar dos deuses finlandeses
em relação aos xamãs têm causado grandes discussões. Um comentador diz: «Os mortos eram os guardiães
da moral, os juizes dos costumes e eram eles
que mantinham a ordem na sociedade. Neste aspecto, nem mesmo o deus de regiões superiores podia competir com eles.» The New Larousse Encyclopaedía of Mythology (Hamlyn: Londres, 1968) refere que «xamamismo...
só dificilmente é compatível com a idéia de deuses que na sua essência sejam superiores à humanidade, visto que o xamã é capaz de dominar tudo com as suas palavras mágicas.»

É hoje geralmente aceito que os deuses do Kalevala são demasiado nebulosos para terem constituído a base de uma «religião» e é talvez mais correto sugerir que as crenças dos antigos Finlandeses residia algures entre a adoração da natureza e as divindades que habitam os fenômenos naturais.

Um Mundo Vivo

Os antigos Finlandeses acreditavam que todos os objetos tinham uma «essência», ou alma, a que davam o nome de haltijat. Esta essência não era como a alma cristã,
que vive para lá da morte daquele que a abriga; a haltijat é inalienável da sua forma física e morre juntamente
com o objeto em que habita.

Os Finlandeses consideravam que mesmo
os objetos inanimados tinham uma espécie
de vida. Existiam os espíritos da casa e do quintal, da arrecadação, dos cereais e do curral. Desde que estes espíritos fossem tratados com
a reverência adequada e não fossem «mortos», olhariam pelas atividades das pessoas que viviam e trabalhavam nestas construções. Até mesmo quando tiravam água de um poço, deveriam sempre devolver-lhe umas gotas em uma deferência para com o espírito do poço.

Uma Ligação Entre Oponentes

Acreditava-se que as almas dos animais viveriam enquanto os ossos dos animais existissem. O Kaleva descreve uma intrigante «festa de ursos.» Após
o urso ter sido morto e comido, os seus ossos
eram colocados em um túmulo com vários objetos.
O urso morto era então tratado como um amigo
e pedia-se-lhe que contasse aos outros ursos
as honras que os humanos lhe tinham prestado.
E até mesmo já no século XVII foi descrito um ritual semelhante com algum desdém pelo bispo luterano Isak Rothovius: «Quando matavam um urso faziam  uma festa, bebiam através do crânio do urso
e imitavam os seus rugidos para assegurar caça suficiente no futuro».

Os deuses finlandeses

O mito da criação no Kalevala descreve como Luonnotar, uma virgem, se fartou da sua vida estéril e solitária nos céus e se permitiu cair
do plano celestial para o vazio. Ficou aí a pairar durante sete séculos até um anjo aparecer, construir um ninho nos joelhos e incubar os seus
ovos. Finalmente, estes caíram dos joelhos
E Luonnotar - a gema transformou-se no Sol,
As claras em Lua e os fragmentos das cascas em estrelas.

Os heróis de Kalevala, incluindo o filho de Luonnotar, váinãmõinen, foram encarregados de cultivar as terras selvagens que ela criou.

A mitologia da Finlândia não estabelece uma hierarquia pormenorizada dos deuses, embora algumas invocações refiram Ukko como o chefe do panteão. Ele é por vezes descrito como «o deus do céu e do ar» e outras vezes, mais estritamente, como o deus do raio. De fato, deu o seu nome à palavra finlandesa para raio, ukkonen. Parece ser também responsável por todos os fenômenos naturais que emanam dos céus: nuvens, chuva, neve, granizo. A mulher dele era a divindade Rauni.

Os deuses que se conhecem são: Paiva (o Sol), Kun a Lua) e Uma (a divindade do ar cuja filha Luonnotar, referida no mito da criação). Entre as divindades menores havia: Pellervoinen (os campos), Atho (água), vtannu (Terra) e Metsola (floresta).

Mas as divindades finlandesas são numerosas. Mesmo divindades vulgares como tingir e tecer estão imbuídas
de divindades próprias (Sinettaret e Kankahattaret).


Assunções precipitadas

Quando Tácito descreve os Finlandeses como «incrivelmente bárbaros e miseravelmente pobres» ignorava que a riqueza deste povo estava na sua mitologia. O Kalevala, com a sua narrativa poética e viva dos feitos heróicos de Vãinãmõinen, ganha na comparação com os melhores contos míticos dos povos vizinhos.

O Kalevala foi escrito para ser recitado em vez de lido em silêncio. Felizmente para os amantes
dos contos antigos finlandeses, partes dele ainda hoje são cantadas por grupos de música popular.

Mitologia - Mitologia Finlandesa
Cosmografia - , 
1/20/2021 12:15:45 PM | Por A. S. Franchini
Os céus e os submundos astecas

Além da geografia horizontal, os astecas também possuíam uma vertical: um universo escalonado, composto por 22 níveis, divididos em 13 céus e 9 inframundos. A Terra, chamada de Tlalticpac ("Sobre a Terra"), era considerada o primeiro piso - ou a "capa" do inframundo. Diz a lenda que Tlalticpac, o mundo terrano, se originou de parte do monstro Cipactli, um crocodilo gigante que foi esquartejado pelos deuses. Parte dele se converteu na Terra e parte no céu, que foi erguido por quatro deuses ou gigantes e sustentado por pilares, a fim de não tornar a se juntar à Terra. Cipactli foi homenageado no calendário mágico (tonalpohualli) como o primeiro dos vinte signos do "zodíaco" asteca.

Mas que forma passou a possuir a Terra após essa gênese violenta?

Jean Marcilly diz que, para os astecas, a Terra é um disco chato, cruzado pelos pontos cardeais, sendo o ponto de confluência de duas pirâmides, cujos vértices principais se tocam. A pirâmide de cima são os céus; a de baixo, os inframundos. A de cima recebe as horas do dia; a de baixo, as horas da noite.
Ao redor do Tlalticpac (Terra) está um rio chamado Chicunauhapín ("A Corrente dos Nove").

A Região celeste

Do topo para baixo, são estes os céus astecas, em grau de importância:

13° céu: Omeyocín. ("Região da Dualidade"). Morada do deus supremo Ometeotl, "O Senhor da Dualidade", que se compõe de duas divindades: Ometecuhtli (masculino) e Omecihuatl (feminina). Ambos são os criadores de todos os demais deuses e de tudo quanto há no universo;

12° céu: Teteocín ("Morada dos Deuses"). A região onde os deuses vivem e assumem as mais diversas aparências;

11° céu: Yayauhtlín ("Região Vermelha"). Região do Sol no crepúsculo;

10° Céu: Cozauhquitlín ("Região do Amarelo"). Região da divindade amarela (teotlcozauhca);

9° Céu: Iztlín ("Região Branca"). Região da divindade branca (teotliztaca);

8° Céu: Iztlacoliuhqui ("Região Onde se Chocam as Lâminas de Obsidiana"). Essa região celeste é assim chamada porque nela se dão as tempestades. Tezcatlipoca comparece ali, junto com Tlaloc, disfarçado de deus do frio (Iztlacoliuhqui);

7° céu: Ilhuicatl Xoxouhqui ("Aquele que Mostra seu Rosto Durante o Dia"). É o céu do deus nacional asteca Huitzilopochtli, cujas cores são o azul e o verde;

6° Céu: Yayauhco ("Região Celeste Verde e Negra"). O céu dominado por Tezcatlipoca (verde e negro são as suas cores características). É a região onde nasce a noite;

5° Céu: Ilhuicatl Mamoloaco ("Lugar Onde as Estrelas Fumegam"). É a região celeste por onde transitam os cometas e as estrelas errantes. Quando os cometas possuem "cauda" se chamam Citlalmim; quando possuem "cabeleira"se chamam Xihuitli;

4° Céu: Ilhuictlal Huitztlín ("Onde se Move Vênus"). Ali habita a maior das estrelas, conhecida entre nós como Vênus e chamada pelos astecas de Hey Citlalin ("A Estrela Maior e mais Brilhante"). Está associada ao deus Quetzalcoatl como estrela da manhã e da tarde. A deusa do sal (ou das águas salgadas) Huixtocihuatl também vive ali, juntamente com as aves;

3° Céu: llhuicatl Tonatiuh ("Onde se Move o Sol"). Habitado por Tonatiuh, o Quinto Sol asteca;

2° Céu: llhuicatl Citlaco ("Onde se Movem as Estrelas"). Nesse céu, as estrelas estão divididas em dois grupos: as Estrelas do Norte (Centzon Mimixcoa) e as Estrelas do Sul (Centzon Huitzinahua). Além delas, temos também a Via Láctea (Citlaltonac) e a constelação da Ursa Maior e de Escorpião. Também ali vivem, segundo algumas versões, as tzitzimime, "mulheres de mau agouro" feitas só de ossos e encarregadas de devorar a humanidade no final dos tempos;

1° Céu: llhuicatl Meztli ("Onde se Move a Lua"). O mais próximo do Tlalticpac (Terra), é o céu, como o próprio nome diz, onde estão situadas a Lua (Meztli) e as nuvens. Entre as divindades habitantes desse primeiro céu estão, além de Meztli (ou Tlazolteotl, em sua "versão lunar"), Tlaloc, deus da chuva, e Ehecatl, deus do vento.

O inframundo asteca

Chamado genericamente de Mictlín, era uma espécie de "campo de provas" sobrenatural para o qual as pessoas iam após morrer (o destino estava vinculado ao tipo de morte sofrida, e não à conduta: todos quantos sofressem uma morte considerada natural deviam percorrer as regiões do Mictlín). Com uma pedra de jade enfiada entre os dentes, que funcionava como uma espécie de "coração de troca", o morto estava pronto para enfrentar uma longa viagem de quatro anos que o levaria até o nível mais profundo do inframundo, onde encontraria o repouso e a desaparição final.

A região subterrânea

Da Terra em direção às profundezas, são estes os nove níveis do inframundo asteca:

Apanohuaia ("Onde Passa o Rio"): situado na superfície da Terra, era o local onde corria o rio Chicunauhapín ("A Corrente dos Nove"), espécie de Aqueronte asteca que os mortos deviam atravessar com a ajuda de um cão (o local também era chamado de Itzcuintlín, "Lugar do Cão"). Normalmente, sacrificava-se o cão que pertencera ao morto para servir de guia ao seu dono. Tinha de ser cinza ou vermelho, pois o branco se recusaria a entrar nas águas pútridas do rio, a fim de não se sujar, e o preto para não desbotar (ou porque, misturado à treva, se tornaria invisível);

Tepectli Monanamictlín ("Lugar Onde as Montanhas se Chocam"): consistia de duas montanhas flutuantes que estão sempre se chocando (aqui não há como deixar de evocar os Rochedos Flutuantes da Odisseia). Esses rochedos, na verdade, seriam uma espécie de portas ou batentes os quais era preciso atravessar para se ingressar no Micilín propriamente dito;

Iztepetl ("Montanha das Navalhas"): era uma montanha incrustada de navalhas de obsidiana que o morto devia escalar em direção às profundezas (a contradição é apenas aparente: o Mictlán é um mundo invertido, sendo preciso subir, portanto, para se chegar ao subterrâneo.);

Itzehecayín ("Lugar do Vento de Obsidiana"): aqui a sovada metáfora do "vento cortante como uma navalha" se torna a mais pura realidade: ao chegar ao topo do monte Iztepetl o morto se depara com um vento glacial, feito de lâminas geladas de obsidiana. Desviar-se delas é tarefa que o ocupará suficientemente até conseguir ingressar no inframundo seguinte;

Paniecatlacayín ("Lugar Onde os Corpos Flutuam como as Bandeiras"): ali, como o próprio nome diz, os corpos dos mortos flutuam pelos ares, carregados pelo vento. Quando estão próximos de abandonar o local, um novo pé de vento os atira de volta ao redemoinho. (Alguns dizem tratar-se de um lugar "embandeirado", interpretando ao pé da letra o nome do lugar.);

Temiminaloyín ("Lugar do Flechamento"): lugar onde todas as flechas perdidas nas batalhas terrenas são reutilizadas contra os mortos por um arqueiro misterioso. Escapar à obstinação do flechador sobrenatural é a tarefa do morto;

Teocoyolcualoya ("Onde as Feras Devoram os Corações"): nesse local há uma fera - um jaguar, um coiote, ou mesmo um crocodilo, dependendo do exegeta - que se dedica a comer o coração do morto que ali ingressa. Segundo a crença, seria esta a razão de o morto levar entre os dentes uma pedra de jade, que ofertaria à fera no lugar do coração;

Yzmictlín Apochcaloca ("Onde se Perde a Visão no Caminho da Névoa"): também chamado de Apanhuiayo ("Laguna das Águas Negras"), é o local onde o morto, despido de toda a matéria, mergulha numa laguna de nove correntes, ingressando num sono profundo. A essa altura, exausto e reduzido a quase nada, já não teme nem deseja mais coisa alguma;

Chicnauhmictlín ("O Nono Lugar do Inframundo"): assim como há no topo dos treze céus um casal celestial, também aqui, no último nível do inframundo, há um casal ínfero: Mictlantecuhtli e sua esposa Mictlancihuatl. Espécie de contrafação macabra do casal celestial, eles são os anfitriões da última morada. Aranhas sobem e descem pelos seus corpos descarnados, enquanto morcegos se aninham nos seus cabelos brancos e ressecados. Diante da perspectiva de vir a tornar-se hóspede perpétuo deste casal abominável, o morto reencontra finalmente a paz de espírito, aceitando com gratidão a ideia de sua extinção definitiva nas trevas do Mictlín.

Mitologia - Mitologia Asteca
Cosmogonia - , 
6/28/2018 6:50:23 PM | Por Rosana Rios
O coração do céu

Esta é a primeira fala. Esta é a primeira estória sobre o tempo em que nada existia; apenas o mar sereno cobrindo a Terra e o vasto céu cobrindo o mar. Nada se movia, nada se agitava, nenhuma união acontecia e nenhum som perturbava a tranquilidade das águas: o silêncio e a imobilidade reinavam na escuridão da noite. Nenhuma coisa tinha existência. Nem homens, animais, pássaros, peixes ou caranguejos; não existiam árvores, pedras, pântanos, barrancos, plantas ou bosques. O Criador estava sozinho: ele, que é dois: Gucumatz, o Criador, a Serpente de Plumas e Tepeu, o Formador, Senhor da Vida.[1]

Ambos adornados com penas verdes e azuis, Gucumatz e Tepeu existiram antes de tudo. Nas sombras da noite eles receberam a palavra. E falaram um com o outro, quebrando o silêncio sem fim. De suas palavras surgiu a Luz... E no momento da primeira alvorada eles conversaram, pensaram e conceberam a criação dos seres, o nascimento da vida e o surgimento das criaturas que iriam pronunciar seus nomes sábios e honrá-los. [35]

Pelas palavras de Gucumatz e Tepeu surgiu então o Coração do Céu, que é chamado Hurakán, o Furacão. O primeiro sinal do Coração do Céu é Caculhá-Hurakán, o Relâmpago. O segundo é Chipi-Caculhá, o Raio. O terceiro sinal é Raxa-Caculhá, o Trovão. Estes três seres formam o Coração do Céu.

Foram os três se aconselhar com Tepeu e Gucumatz, para decidirem como seria a vida e a claridade, de que maneira cresceriam as sementes, qual seriam o alimento e o sustento das criaturas. E, tendo deliberado bastante, eles disseram:

- Que assim se faça: que o vazio seja preenchido. Que as águas se retirem e haja espaço para o solo firme, em que se possa semear. Que amanheça e a luz ilumine a tudo, brilhando no alto.[2]

Decidiram, então, que os Progenitores não seriam homenageados ou glorificados enquanto não existissem seres dotados de consciência para fazer isso. Nesse momento eles pronunciaram a palavra:

- Terra!

E a Terra passou a existir.

A princípio como uma névoa ou neblina, a terra se condensou em estado sólido. Impelidas por um poder maravilhoso, da água ergueram-se as montanhas; e surgiram os vales e as colinas, ao mesmo tempo em que brotavam os ciprestes e os pinheiros.

Profunda alegria tomou conta de Gucumatz, que declarou:

- Bem-vindo sejas, Coração do Céu! Hurakán, Chipi-Caculhá, Raxa-Caculhá: Relâmpago, Raio, Trovão.[3]

Responderam-lhe:

- Completaremos nossa obra, nossa criação. [36]

Puseram-se a trabalhar e primeiro formaram todas as terras, altas e baixas. Os rios correram livremente entre as colinas, e as águas se separavam ao encontrar as montanhas.

Assim foi formada a Terra pelo Coração do Céu, que se tornou o Coração da Terra, após os tempos em que apenas o firmamento pairava sobre tudo que estava submerso sob as águas.

Logo foram gerados os pequenos animais dos bosques e os guardiães das matas, os vinaquil huyub, espíritos das montanhas. E perguntaram-se os Progenitores:

- Haverá apenas silêncio e imobilidade entre as árvores e os arbustos? Não deveria haver quem os guarde.

Eles meditaram e, em seguida, falaram. Por suas palavras foram criados as aves e os cervos.

- Tu andarás sobre quatro patas, dormirás nos vales dos rios, percorrerás a vegetação e lá te multiplicarás, - disseram eles ao cervo, antes de ordenar às aves.

- Vós habitareis em árvores e arbustos, ali fareis ninhos e vos multiplicareis, vossa vida transcorrerá entre os ramos e galhos.

Como foi dito, foi feito.

E foram designadas pelos Progenitores todas as habitações dos animais da Terra - o puma, o jaguar, a serpente, os quadrúpedes e os alados.

Então o Criador, o Formador e os Progenitores pediram às criaturas:

- Falai, gritai, chamai, cantai, cada qual segundo vossa espécie e variedade. Invocai nossos nomes, glorificai-nos!

Porém os animais não conseguiam falar; apenas chilreavam, cacarejavam, guinchavam, bramiam, cada um a seu modo. [37]

Tepeu e Gucumatz, o Criador e o Formador, viram que nenhum daqueles seres saberia pronunciar seus nomes; e os Progenitores, que são o Coração do Céu, se entristeceram.

- Vosso destino será mudado - disseram eles. - Como não podeis invocar nossos nomes ou adorar-nos, vivereis somente nos bosques e vossas carnes servirão de alimento a outros seres.

E essa foi a vontade que manifestaram para todos, os grandes e pequenos animais que havia sobre a face da Terra.

Debateram, então, sobre como fazer nova tentativa para criar seres conscientes.[4]

- Já se aproxima o amanhecer e a aurora. Como fazer para que sejamos chamados, e nossos nomes sejam sempre lembrados sobre a Terra? Façamos agora aqueles que nos alimentarão e nos sustentarão, aqueles que nos elogiem e venerem!

E assim o Criador e o Formador, e o Coração do Céu, que é Relâmpago, Raio e Trovão, decidiram a criação dos seres humanos: apenas eles saberiam pronunciar seus nomes e adorá-los. [38]

Povo Quiché

Também chamados K'iche' ou Quiche, os povos assim denominados constituem várias nações que se acredita serem descendentes dos antigos Maias. Na época da conquista espanhola da Mesoamérica, os mais numerosos descendentes do povo Maia eram os Quiché e os Cakchiquel, povos rivais que ocupavam os territórios da América Central, em especial onde hoje se localiza a Guatemala, mas abrangendo ainda várias regiões das Américas.

Nessa época, século XVI, os europeus se depararam com inúmeras estórias que eram contadas oralmente pelas populações nativas, e que deviam remontar a séculos, desde a época da riquíssima cultura maia.

Um escritor anônimo de origem indígena, que havia aprendido a língua dos conquistadores, registrou alguns desses mitos, compondo um livro que ficaria conhecido como Popol Vuh ou Popol Vul, o “Livro do Conselho”- e que seria, daí em diante, considerado o Livro Sagrado dos Quichés.

O mito cosmogônico que narramos aqui é parte do Popol Vuh, e junto com muitas outras narrativas traz à tona uma cultura vasta e rica, remetendo-nos aos tempos remotos em que o povo Maia dominava aquela região [38]

 

Mitologia - Mitologia Maia
Cosmogonia - , 
6/24/2018 4:05:19 PM | Por Rosana Rios
Os seres da escuridão

Povo Apache Jicarilla - No começo, a Terra era totalmente coberta pela água, e todas as coisas viventes tinham de morar abaixo do oceano, num mundo subterrâneo totalmente escuro. Nesse tempo, tudo podia falar: as pessoas, os animais, as árvores, as pedras, os espíritos, até as tempestades. A única forma de se enxergar alguma coisa lá nas profundezas era acendendo tochas com as penas das águias. E os seres do subterrâneo conversavam e discutiam sem parar[1]. O urso, o leão-da-montanha e a coruja gostavam das trevas; porém, as pessoas e algumas aves como a pega e a codorna desejavam a luz, pois estavam cansadas de viver no escuro. Tanto eles discutiram uns com os outros, que resolveram deixar a decisão sobre haver luz, ou não, à sorte: todos se enfrentariam num jogo. Se os animais noturnos ganhassem a partida, haveria trevas para sempre; mas se os que amavam a luz vencessem, a claridade se espalharia pelo mundo.

O jogo escolhido foi o do botão-pela-fresta. Um pequeno botão estava perdido na escuridão, e quem o visse primeiro ganharia a rodada. Quando a partida começou, a codorna e a pega, com seus olhinhos [21] agudos, viram o botão através dos arbustos; os homens foram lá e o pegaram. Assim, os diurnos venceram a primeira rodada. E, imediatamente, surgiu, lá no alto, a estrela da manhã! O urso negro, aborrecido, fugiu e foi se esconder em locais escuros.

O jogo recomeçou e mais uma vez os amantes da luz venceram a rodada. Assim que eles gritaram de alegria por terem encontrado o botão, o Leste começou a se iluminar. Com medo da luz, o urso pardo também correu para longe e desapareceu nas trevas.

Na continuação do jogo, as pessoas logo encontraram o botão e, ao vencerem a terceira rodada, a claridade foi se espalhando lá no alto. O leão-da-montanha, intimidado pela luz, tratou de sumir em busca de sombras.

A quarta rodada não poderia ser diferente: com menos noturnos em jogo, os diurnos venceram facilmente. Então todos viram o Sol nascer pela primeira vez. Fez-se o dia! E a coruja voou, o mais depressa que conseguiu, em busca de um refúgio.

Agora havia luz, com um Sol e até uma Lua para iluminar o subterrâneo. E a claridade mostrou aos moradores das profundezas que existia um outro mundo, mais acima.

Um buraco lá no alto era uma passagem para esse lugar. Todos ficaram curiosos para conhecer o tal mundo e começaram a pensar numa forma de chegar lá. Com a ajuda de um espírito poderoso chamado Tornado,[2]as pessoas, as aves, os búfalos e outros animais começaram a construir montes em que pudessem subir para chegar ao buraco no teto de sua morada: fizeram quatro grandes pilhas de terra em cada um dos pontos cardeais. [22]

Ao Leste, plantaram no monte várias árvores que davam frutos de cor negra. Ao Sul, após erguerem a elevação, plantaram muitas árvores que davam frutos azuis. No monte erguido a Oeste, escolheram para semear plantas que dessem frutos amarelos. Por fim, ao Norte, plantaram, sobre o monte de terra, vegetais que dariam frutos de cores variadas.

Conforme as árvores e os arbustos plantados iam crescendo, os montes de terra iam crescendo também e se transformando primeiro em morros, depois em montanhas. As pessoas e os animais observavam aquela maravilha e esperavam ansiosamente pelo momento em que eles fossem tão altos que alcançariam a passagem para o mundo acima.

Porém, certo dia, duas meninas resolveram subir escondidas em um dos morros para colher frutinhas e flores. E, quando chegaram lá no alto, de repente, as quatro montanhas pararam de crescer! Intrigadas, as pessoas chamaram o espírito Tornado e lhe pediram para descobrir o que havia acontecido. Ele encontrou as duas garotas e as levou de volta às suas famílias.

- As montanhas não crescerão mais - disse ele. - E agora o mesmo acontecerá com os meninos de seu povo. Eles crescerão bastante, até o dia em que, pela primeira vez, estiverem com uma mulher; então deixarão de crescer.

Como não havia jeito, os animais e as pessoas se conformaram com o que ocorrera. Mas as montanhas não haviam se tornado altas o suficiente para que fosse possível alcançar o buraco lá em cima. Então eles resolveram fazer outras tentativas.

Primeiro, tentaram construir uma escada unindo penas de pássaros; mas, assim que alguém subia, os [23] frágeis degraus se quebravam. Em seguida, tentaram usar penas de águia para fazer a escada e, embora estas fossem mais resistentes, ainda não produziam degraus bastante fortes para sustentar o peso de quem subia. Foi então que os búfalos ofereceram seus chifres, que naquela época eram longos e retos.

Com os chifres de búfalo, foi feita uma escada bem resistente que permitiu aos seres humanos subir até o buraco. O peso das pessoas, contudo, era tanto, que os chifres dos búfalos se entortaram e permanecem recurvos até hoje.[3]

Quando os primeiros homens viram o mundo lá em cima, através do buraco, descobriram que ele era totalmente escuro e que estava coberto pelas águas. As aranhas resolveram ajudar: teceram fios bem fortes e com eles amarraram o Sol e a Lua. Os astros luminosos saíram pelo buraco e iluminaram o mundo superior, presos pelos fios. E, mesmo com toda a luz que levaram, ainda assim não se podia ver, lá fora, nenhum lugar sólido em que os seres do subterrâneo pudessem pisar.

Foi decidido que as quatro tempestades também poderiam ajudar. Elas subiram para a superfície do mar enorme e começaram a soprar... A tempestade negra empurrou as águas para formar o oceano do Leste. A tempestade azul soprou com força para o Sul e enrolou as águas nessa direção, criando outro oceano. A tempestade amarela fez as águas irem para o Oeste para lá formarem outro oceano. E, por fim, a tempestade de várias cores soprou e enrolou as águas que restavam em direção ao Norte, onde se criou um outro oceano. No centro do mundo superior, a terra começou a secar. [24]

A doninha-fedorenta estava com muita pressa e foi o primeiro animal a sair pelo buraco; mas a terra ainda estava úmida e suas patas afundaram na lama, tornando-se negras desde então. Depois o texugo saiu e também teve as patas manchadas de preto. Tornado teve de ir buscar os dois animaizinhos e trazê-los para baixo, enquanto todos esperavam que a terra secasse de uma vez.

Mas o castor saiu também e, sentindo a terra mais sólida, foi explorá-la. Viu, então, que as águas estavam indo embora, mas ainda havia água doce no centro daquele mundo. Mais que depressa, ele se pôs a trabalhar na construção de um dique, para represar aquela água antes que ela fosse embora. Vendo que o castor não retornava, Tornado saiu para procurá-lo; ao encontrá-lo tão ocupado, perguntou o que estava fazendo.

- Estou guardando a água para que todos possam beber - respondeu ele.

Depois que o dique ficou pronto, criando um grande lago, Tornado e o castor voltaram ao mundo subterrâneo para esperar um pouco mais. Finalmente, os homens, os espíritos e os animais enviaram um corvo cinzento para voar lá em cima e avisar se já era seguro que todos subissem.[4]

O corvo voou sobre o mundo superior. Encontrou terras secas, os quatro mares ao seu redor e o grande lago formado pelo dique do castor no centro. Mas nos terrenos de que os mares tinham sido expulsos pelas tempestades, encontrou muitos peixes mortos, sapos e répteis semienterrados. Animado, o corvo começou a bicá-los e a comer seus olhos. Tão ocupado ficou a se alimentar que demorou a voltar. Tornado se preocupou e foi procurá-lo. [25]

O espírito levou o corvo de volta e as pessoas e os animais o desprezaram por comer carne morta; desde então a penugem do corvo se tornou negra. Mas agora os seres do subterrâneo sabiam que podiam subir! Estava na hora.

Um por um, todos escalaram a escada de chifres de búfalo e chegaram a sua nova moradia.

O mundo agora era claro, pois o Sol e a Lua brilhavam em turnos, sempre presos pelos fios de teia de aranha. Então, cada animal e cada povo foi viajando e escolhendo um lugar para morar. Muitas tribos pararam perto dos quatro mares, outras fizeram suas moradas longe dele.

Somente os Jicarilla não apreciavam nenhum lugar e ficavam dando voltas em torno do buraco de onde haviam saído. Quando haviam dado três voltas, os espíritos lhes perguntaram onde queriam morar.

- No meio da terra - disseram eles.

E então aquele povo ficou ali mesmo e construiu no meio do mundo os lares onde suas famílias viveriam para sempre. [26]

Povo Apache Jicarilla

O nome pelo qual esse grupo tribal chama a si mesmo, na verdade, é N’de ou Dineh, o Povo. A palavra apache vem de apachu, que significa “inimigo” na língua do povo Zuni. E o nome Jicarilla vem de uma palavra em espanhol que quer dizer “pequena cesta”, pois eles tecem cestinhas compactas para beber líquidos. Suas cestas são famosas pela beleza e pela habilidade com que são tecidas.

Assim como todos os chamados Apache, os Jicarilla pertencem à família linguística Athapaskan ou Atabascana. Fazem parte de povos que migraram, em tempos ancestrais, do Canadá para regiões do Arizona e do Novo México. Compreendiam os grupos tribais denominados Lipan, Jicarilla, Chiricahua, Tonto, Mescalero e os chamados Apaches das Montanhas Brancas.

Um povo originalmente nômade, os Apache construíam tendas em formato cônico apoiados em quatro altos galhos. Tinham os cabelos longos e presos com tiras artesanais na testa. Usavam sapatos mocassim feitos de pele de cervos, o que lhes permitia andar por terrenos acidentados e correr mais rapidamente do que seus inimigos. As mulheres ocupavam lugares de destaque em sua sociedade. Considerados grandes caçadores, sua arma principal era o arco; mesmo após entrarem em contato com os colonizadores e obterem armas de fogo, continuaram a usar arco-e-flecha com grande perícia. Foram muito atacados por colonos estadunidenses e mexicanos, envolvendo-se em várias guerras. Hoje, os remanescentes desse valente povo vivem em reservas localizadas no Novo México e no Arizona. [27]

 

Mitologia - Mitologia Norte-Americana
Cosmogonia - , 
5/1/2018 3:08:16 PM | Por Christine el Mahdy
Mitologias de criação egípcias

A criação segundo Toth - Toth era venerado no Médio Egito, no local atualmente chamado Ashmunein. A arqueologia tem agora de verificar a verdadeira idade deste sítio, tão grande e onde os vestígios estão tão profundos, mas há a concordância de que os mitos originados na cidade são muito anteriores à unificação do Egito. Embora houvesse a crença de que a Criação tinha tido lugar nesta cidade em um tempo demasiado antigo para ser recordado, Toth representava apenas uma parte minoritária. Segundo o mito, no tempo anterior à Existência, só havia um vazio profundo, sem forma e cheio de água. Neste «caldo»Mprimevo existiam demiurgos femininos e masculinos - espíritos primitivos que se podiam juntar para criar formas físicas.

Atum, Senhor da Plenitude e deus supremo para além do tempo e do espaço, convocava machos e fêmeas. Havia Nun e o seu contrário Nunet, que simbolizavam o Nada; Kek e Kekt, a Escuridão; Amun e Amunet, o Segredo; e Huh e Huhet representando o Silêncio.

Os machos assumiam a forma de sapos, as fêmeas de répteis; e da sua reprodução era semeada a sementeda Criação. Então Atum, em um ato supremo de poder, criava uma superfície sobre a Profundeza e sobre ela um monte de terra. O centro deste monte era o Egito e o próprio Nilo jorrava diretamente das águas primordiais. No epicentro deste monte estava Ashmuneim e aí Toth, criado pelo seu senhor Atum, fixava a administração efetiva, estabelecia todo o saber e ciência e registava-os em 42 volumes de conhecimento. Estes rolos eram depois escondidos no mais profundo segredo até que a humanidade estivesse pronta para os descobrir.

A ação combinada dos oito demiurgos gerou a Criação no monte de Ashmunein. Plantas, animais e a humanidade passaram a existir. Muito mais tarde, os gregos identificaram Toth com o deus Hermes, o mensageiro dos deuses e a cidade de Toth passou a ser designada por Hermopolis.

Quanto aos textos em si mesmos, existirão? Quem pode responder? Eles estavam registrados em lendas como os textos Herméticos, e os homens sábios e alquimistas, desde o período medieval até aos nossos dias, ao procurarem «o saber do universo» têm ansiado pela descoberta dos originais. Os reis egípcios ao longo dos séculos desejaram mais do que tudo adquirir este saber original de Toth. Olhavam para o passado do seu reino como um tempo de perfeição, antes da chegada da humanidade e desta ignorar as regras de Toth - uma época a que chamavam a Primeira Ocorrência.

O Papiro Westcar, em Berlim, Alemanha, conta como Khufu, um rei da IV Dinastia e o construtor da Grande Pirâmide de Gizé, foi apresentado por um dos filhos a um grande mágico. O rei perguntou-lhe se ele sabia pormenores sobre a perda da sabedoria. O mágico, Djedi, disse-lhe que os rolos se encontravam em uma série de sete caixas, guardadas por uma serpente imortal enrolada à volta da caixa de fora. Esta, por sua vez, encontrava-se na parte mais funda de um rio perto de Coptos. Khufu ordenou-lhe que fosse lá e a trouxesse, mas o mágico teve de recusar.

O destino, incontestável para todos os Egípcios antigos, tinha deliberado que não seria ele a encontrar a caixa nem a sua família, mas sim a família de reis a seguir, a V Dinastia.

Os reis dessa dinastia fadada encontraram os textos perdidos? A história não o registra, mas no centro de Heliopolis, os videntes tornaram-se os herdeiros do saber. Eles passavam o conhecimento de uma geração de reis para a seguinte, incluindo os segredos sobre a forma como comunicar com a terra dos deuses e como manter o Maat.. 

A criação segundo Ptah - A Unificação trouxe a construção da cidade capital do Egito para Mênfis (por volta de 3000 a.e.c.), onde o deus local Ptah era identificado com os artífices. Como o rei construiu e depois serviu no grande templo ali localizado, a estória antiga da criação segundo Toth acabou por sucumbir e dar lugar a um novo mito.

A Pedra Shabaka, que agora se encontra no British Museum, relata como o rei líbio Shabaka, por volta de 850 a.e.c, encontrou «um verme que comia rolos de couro» na biblioteca do templo de Ptah, pelo que ordenou que fossem reescritos em pedra para a posteridade. A linguagem que neles se encontrava era realmente arcaica e não podia ser escrita com facilidade no tempo de Shabaka - sugerindo que a estória era verdadeira.

A nova narrativa mantém quase completamente o mito anterior sobre a Criação, do deus Toth, mas os oito demiurgos deixaram de fazer parte da mitologia. Em vez deles, conta-se agora, que no monte de Atum, foi criado o deus Ptah. Este mito é interessante pois concebe idéias no coração, avalia-as com a razão e depois as palavras saem da sua boca. Como as palavras partem da língua, passam a ser entidades físicas. Esta é a mais antiga narrativa da Criação através da lógica, literalmente logos, a palavra falada.

Fontes posteriores, que têm sido consideradas por muitos investigadores serem bastante mais ortodoxas registaram este mesmo conto com pequenas diferenças. «No início era a palavra; e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus». São muito poucas as pessoas que hoje consciencializam quão semelhante a frase inicial do Evangelho Segundo. João é ao mito de Ptah do antigo Egito. 

A criação segundo Rá
O culto do Sol como o criador da vida floresceu em finais da IV Dinastia (por volta de 2600 a.e.c.) e durou pouco tempo. Estava centrado em Heliopolis, durante os reinados dos últimos reis da IV e os primeiros da V Dinastia (c. 2350 a.e.c.) e foi a primeira adoração solar. Em Heliopolis, os celebrantes religiosos eram chamados Videntes. A sua tarefa consistia na interpretação dos sinais, na leitura dos sonhos (incluídos como os Homens Sábios e o Magos da Gênese) e também na instrução do príncipe herdeiro sobre os seus deveres futuros como rei.

Ré, ou Rá era o Sol em todos os seus variados aspectos. Não sabemos como é que o nome se pronunciava, mas segundo os arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito deveria ser «Ria». No Egito, o Sol tem muitas faces como aliás sempre teve: a primeira luz pálida que se espalha sobre as colinas nubladas a leste; depois as línguas de luz que trazem o dia, mas ainda não o calor; mais tarde chega a força impressionante quando a bruma se dissipa e o calor abrasador queima a terra; o Sol mais suave a meio da tarde quando os raios começam a enfraquecer; e, finalmente, o pôr do Sol escarlate das fábulas e o Sol desaparece passando para o Outro Mundo.

Em termos mitológicos, Rá tinha sido introduzido no mundo físico por Khepri, um escaravelho cósmico que empurrou a bola solar para cima do reino mortal. A primeira luz era Ré-Hor-em-akhet, ou Harmachis como os Gregos lhe chamavam, «Rá,  que é o Hórus do horizonte», em que Hórus é representado como um falcão, com as asas estendidas e as sua rémiges refletindo os raios do Sol. À  medida que o Sol vai ficando mais intenso, cria-se que o próprio deus Rá guiava o barco do sol para dentro do meio do céu, onde, no zénite, se tornava em Aton.

Conforme se ia dirigindo para ocidente, tomava a forma de Ré-Hor-akhetwy, ou Horakhte o «Falcão do segundo horizonte. Quando o Sol se punha, Rá entrava na barca da noite e navegava para o mundo paralelo dos espíritos dos mortos, tornando-se em um deles com Atum o grande senhor da Criação e da Plenitude.

No primeiro monte da existência, conta o mito que cresciam flores de lótus. Quando o botão se abria em toda a sua plenitude, Rá, o Sol, emergia do coração da flor, trazendo a primeira luz ao mundo.

Emergia então a ave bennu, a lendária Fénix que mais tarde surgiria nas lendas gregas. Criada com a imagem de uma garça-real, o bennu foi o primeiro ser vivo a surgir neste original monte da existência e os seus gritos quebraram pela primeira vez o silêncio. Rá, o Sol e o maior todos os deuses, começou a criar Chu, o ar, e depois Tefnut, a humidade, que seriam irmão e irmã. Em certa altura, casaram é tiveram dois filhos: Geb, o filho, e Nut, a filha. Geb e Nut cresceram amando-se e queriam casar-se mas Chu, o pai, opôs-se. Um dia, encontrou-os abraçados e, furioso, separou-os, forçando Geb a permanecer deitado enquanto levantava Nut e afastava do corpo do irmão amado. Geb tornou-se terra, enquanto Nut, autorizada apenas a tocar nas pontas dos pés e dos dedos em Geb, passou a ser o arco de céu sobre a terra, com o seu vestido cheio estrelas. E assim ela permaneceu, para sempre afastada do irmão amado através da força do ar, o pai de ambos.

Finalmente, Rá, lamentando ser forçado a afastar-se da Terra todas as noites, ordenou que Toth fosse a Lua, a luz mais fria que a sua, mas mantendo um pouco do velho mito de Toth.

Em dada altura, Nut deu à luz quatro filhos: Osíris, Ísis,  Seth e Néftis. Mais tarde, Ísis teve Hórus e estes tornaram-se os Nove deuses de Heliopolis e eram conhecidos como a Grande Enéade: Chu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, ísis, Set, Néftis e Hórus.

Mitologia - Mitologia Egípcia
Cosmogonia - , 
8/9/2017 6:15:25 PM | Por Rudolf Simek
Mitos de criação germânicos

Uma das mais antigas referências aos mitos germânicos é dada por Tácito. Em Germania, ele menciona que
nas «canções antigas» as tribos germânicas celebram
a origem da humanidade recuando até um certo «Tuisto, um deus nascido da terra, e o seu filho Mannus, como os antepassados e fundadores da nação. Consideram que Mannus procriou três filhos, cujos nomes designariam muitos povos: Ingêvones, que viviam perto do oceano; Hermíones, no meio do país; e Istêvones em todo o resto». Isto quer dizer que estes três filhos eram considerados como antepassados das principais tribos germânicas, que viviam no leste, centro e oeste do norte da Europa. Embora estes antepassados míticos dos Germanos sejam citados apenas por Tácito, o nome «Mannus»
refere claramente a palavra «man» (homem em germânico). O mito da criação nórdico, como é apresentado através
de fontes como as duas Eddas, é diferente, embora haja alguns conceitos semelhantes.

Contos Nórdicos Antigos sobre o Cosmos

Ao contrário do mito de Tuisto e do primeiro pai das tribos da Germânia central, como nos informa Tácito, a origem do cosmos, segundo as histórias nórdicas, dever-se-ia
a interações obscuras mas dinâmicas entre a água, o gelo
e o fogo, do que resultaram submundos diferentes, muitos deles habitados por tipos específicos de seres. As fontes nórdicas, de fato, não apresentam uma visão inteiramente consistente ou sistemática da estrutura do universo, mas alguns aspectos são claros. Midgard, concebida como uma massa de terra central rodeada por mar, era onde viviam
os deuses e os humanos. Nela situava-se Asgard, a cidade dos deuses, presididos por Ódin, o senhor de todos
os deuses. Por baixo, situa-se o mundo dos mortos, governado pela deusa Hei. Os gigantes têm um
mundo próprio, localizado vagamente nas franjas
do cosmos, talvez para lá do mar circundante.
Finalmente, os anões viviam nas rochas e nas
grutas debaixo da terra. Todos os submundos dos
mitos nórdicos são dominados pela árvore Yggdrasill,
que tudo domina, enquanto as suas raízes se enterram
em cada um dos três mundos: Asgard, Midgard e  Mundo dos Mortos.

Como explicam os vários mitos nórdicos
da Antigüidade, as mais antigas criaturas são os gigantes. Todos os seres derivam do «protogigante» Ymir, que tinha um filho, Buri, gerado pelas duas pernas de Ymir uma com a outra, e que, por sua vez, teve um filho chamado Burr. Este ligou-se com uma gigante e tiveram três filhos, os deuses Ódin, Víli
e Vé. Os deuses evoluíram a partir deles e criaram
o primeiro homem e a primeira mulher a partir
de dois cepos arrastados pelas águas e encontrados nas costas de Midgard.

As partes do corpo do protogigante morto, Ymir, foram usadas como a base dos principais componentes do universo: o seu sangue tornou-se no mar, o crânio na abóbada celeste, o cérebro nas nuvens e os ossos as rochas.

Apesar das diferenças dos nomes, os três descendentes do protogigante Ymir - Ódin, Víli
e Vé - parecem ser os antepassados das principais tribos germânicas, como descrito no mito de Tuisto. Isto sugere uma origem comum a ambos os mitos, especialmente porque Ódin é amplamente referido como antepassado mítico das tribos germânicas
do ocidente e das casas reais da Escandinávia à Inglaterra e à Lombardia. No caso dos três «povos» mencionados por Tácito, é possível também aqui encontrar elos de ligação. Os antepassados dos Ingêvones podem ser identificados na tradição escandinava como Yngvi, um nome ligado ao deus Freyr que foi o protetor da dinastia real sueca dos Ynslings.

Duas Famílias de Deuses


Neste mundo criado a partir de Ymir, houve duas famílias distintas de deuses, os Vanes e os Ases. Em tempos remotos da história do universo, eles tinham-se combatido, mas na época em que ocorreram a maior parte dos mitos, já tinham esquecido as diferenças e viviam
em harmonia no Reino de Asgard. Os membros chefes dos Vanes são Njord e os filhos - a deusa Freyja
e o irmão gêmeo Freyr. Todos os Vanes estão associados, tanto na religião como na mitologia, com o amor,
a fertilidade e a riqueza material. Todas as outras divindades de destaque - Ódin, Thor e Tyr - são Ases, embora a distinção entre as duas raças raramente seja focada nas fontes.

Deuses e Gigantes

Os deuses e os gigantes são tradicionalmente inimigos
e muitos mitos contam as quezílias entre eles. Thor, com
o seu martelo, é um deus guerreiro, o inimigo mais temido pelos gigantes. Os mitos afirmam que esta inimizade um dia acabará por transbordar fazendo desencadear uma guerra final, a que chamam Ragnarok. Todo o universo será destruído por essa guerra, tal como a maior parte dos seus habitantes. No entanto, as fontes aludem a uma nova aurora: alguns deuses e homens sobreviveriam
e juntos começariam a trabalhar na reconstrução e no repovoamento de um mundo melhor e mais pacífico.

O Gigante Construtor

A estória que se segue faz parte da Edda em Prosa de Snorri Sturluson chamado Cylfaginníng, que relata os contos narrados pelo rei Gylfi na sua visita à cidade de Asgard. Ela ilustra a desonestidade dos deuses nos seus comportamentos com os gigantes, e alguns consideram que esta nódoa moral na sociedade divina conduzirá à destruição dos deuses no Ragnarok.

O mito ocorre em uma parte remota do passado mítico, depois dos deuses terem constituído Mídgard
e de lá terem edificado o grande palácio
Valhalla. Um construtor visitou-os e
ofereceu-se para lhes fazer uma fortificação
que resistiria aos ataques dos gigantes
vindos das montanhas e dos gelos, mesmo
que forçassem a entrada em Midgard.
Como pagamento, pedia a deusa Freyja
em casamento, assim como o Sol e a Lua.

Os deuses aceitaram sob a condição
de ele completar o trabalho e um único inverno, sem a ajuda de qualquer homem, caso contrário confiscavam o pagamento.
O construtor concordou, mas pediu para
que o seu garanhão Svadilfoeri o ajudasse
e isto foi concedido por indicação do malicioso deus Loki. O acordo foi selado com juramentos solenes de ambos os lados. O construtor iniciou os trabalhos. Svadilfoeri, que trabalhava durante a noite a arrastar
as pedras, tinha o dobro da força do construtor e à medida que o tempo de verão se aproximava tudo parecia indicar que a obra seria concluída dentro do tempo. Os deuses então despertaram para a terrível possibilidade de perderem não só Freyja mas também as fontes de luz de todo o mundo. Censuraram Loki pelo mau aconselhamento e obrigaram-no a encontrar uma maneira de evitar que o construtor concluísse o trabalho
a tempo. A solução que Loki encontrou para o problema foi simples: transformou-se ele mesmo em égua. Nessa mesma noite, quando o garanhão começou a trabalhar, ele seduziu e afastou-o do dever. Os dois cavalos divertiram-se no bosque durante toda a noite, e o trabalho nas fortificações ficou como estava. O construtor, ao enfrentar a perda dos honorários, enraiveceu de tal forma que os deuses
se aperceberam que ele na verdade não era um homem mas um gigante da montanha. Esquecendo o acordo, convocaram Thor, que ergueu o seu martelo, Mjolnir, e despedaçou
o crânio do gigante. E assim termina estória mas há
um epílogo: Loki, transformado em égua deitou-se
com o garanhão e procriaram um impressionante potro com oito pernas, que cresceu e viria a ser Sleipnir, o melhor de todos os cavalos e a montada escolhida por Ódin.

Mitologia - Mitologia Nórdica
Cosmogonia - , 
8/9/2017 5:55:37 PM | Por Carmen Seganfredo
A criação do universo na Mitologia Nórdica

Primeiro, havia o Caos, que era o Nada do Mundo, e isto era tudo quanto nele havia. Nem Céu, nem Mar, nem Terra - nada disto havia. Apenas três reinos coexistiam: o Ginnungagap (o Grande Vazio), abismo primitivo e vazio, situado entre Musspell (o Reino do Fogo) e Niflheim (a Terra da Neblina), terra da escuridão e das névoas geladas. Durante muitas eras, assim foi, até que as névoas começaram a subir lentamente das profundezas do Niflheim e formaram no medonho abismo de Ginnungagap um gigantesco bloco de gelo. Das alturas abominavelmente tórridas do Musspell, desceu um ar quente e este encontro do calor que descia com o frio que subia de Niflheim começou a provocar o derretimento do imenso bloco de gelo. Após mais alguns milhares de eras - pois que o tempo, então, não se media pelos brevíssimos anos de nossos afobados calendários - o gelo foi derretendo e pingando e deixando entrever, sob a outrora gelada e espessa capa branca, a forma de um gigante.

Ymir era o seu nome - e por ser uma criatura primitiva, dotada apenas de instintos, o maniqueísmo batizou-a logo de má. Ymir dormiu durante todas estas eras, enquanto o gelo que o recobria ia derretendo mansamente, gota à gota, até que, sob o efeito do calor escaldante de Musspell, que não cessava jamais de descer das alturas, eis que ele começou a suar. O suor que lhe escorria copiosamente do corpo uniu-se, assim, à água do gelo, que brotava de seus poderosos membros - e este suor vivificante deu origem aos primeiros seres vivos. Debaixo de seu braço surgiu um casal de gigantes e da união de suas pernas veio ao mundo outro ser da mesma espécie, chamado Thrudgelmir. Estes três gigantes foram as primeiras criaturas, que surgiram de Ymir; mais tarde, Thrudgelmir geraria Bergelmir, que daria origem à toda a descendência dos gigantes.

Entretanto, do gelo derretido também surgira, além das monstruosidades já citadas, uma prosaica vaca de nome Audhumla, de cujas tetas prodigiosas manavam quatro rios, que alimentavam o gigante Ymir. Audhumla nutria-se do gelo salgado, que lambia continuamente da superfície, e, deste gelo, surgiu ao primeiro dia o cabelo de um ser; no segundo, a sua cabeça; e, finalmente, no terceiro, o corpo inteiro. Esta criatura egressa do gelo chamou-se Buri e foi a progenitora dos deuses. Seu primeiro filho chamou-se Bor, e, desde que pai e filho se reconheceram, começaram a combater os gigantes, que nutriam por eles um ódio e um ciúme incontroláveis.

Esta foi a primeira guerra de que o universo teve notícia e incontáveis eras sucederam-se sem que ninguém adquirisse a supremacia. Finalmente, Bor casou-se com a giganta Bestla e, desta união, surgiram três notáveis deuses: Wotan (também chamado Odin), Vili e Ve. Dos três, o mais importante é Wotan, que um dia chegará a ser o maior de todos os deuses. E, porque assim será, um dia, ele próprio disse a seus irmãos:

- Unamo-nos a Bor e destruamos Ymir, o perverso pai dos gigantes!

Os quatro juntos derrotaram, então, o poderoso gigante, e com sua morte, acabou também a quase totalidade dos demais de sua espécie, afogada no sangue de Ymir. Um casal, entretanto, escapou do massacre: Bergelmir e sua companheira, que construíram um barco feito de um tronco escavado e foram se refugiar em Jotunheim, a terra dos Gigantes, onde geraram muitos outros. Desde então, a inimizade estabeleceu-se, definitivamente, entre deuses e gigantes, cada qual vivendo livremente em seu território, mas sempre alerta contra o inimigo.

Dos restos do cadáver do gigantesco Ymir, Wotan e seus irmãos moldaram a Midgard (Terra-Média): de sua carne, foi feita a terra; enquanto que, de seus ossos e seus dentes, fizeram-se as pedras e as montanhas. O sangue abundante de Ymir correu por toda a terra e deu origem ao grande rio que cerca o universo.

- Ponhamos, agora, a caveira de Ymir no céu - disse Wotan a seus irmãos, após haverem completado a primeira tarefa.

Wotan fez com que quatro anões mantivessem a caveira suspensa nos céus, cada qual colocado num dos pontos cardeais. Em seguida, das faíscas do fogo de Musspell, brotaram o sol, a lua e as estrelas; enquanto que, do cérebro do gigante, foram engendradas as nuvens, que recobrem todo o céu.

Entretanto, após terem remexido a carne do gigante, com a qual moldaram a terra, os três deuses descobriram nela um grande ninho de vermes. Wotan, penalizado destas criaturas, decidiu dar-lhes, então, uma outra morada, que não, o Midgard. Os seres subumanos, que pareciam um pouco mais turbulentos que os outros, foram chamados de Anões e receberam como morada as profundezas sombrias da terra (Svartalfheim). Os demais, que pareciam ter um modo mais nobre de proceder, foram chamados de Elfos e receberam como morada as regiões amenas do Alfheim.

Completada a criação de Midgard, caminhavam, um dia, Wotan e seus irmãos sobre a terra para ver se tudo estava perfeito, quando encontraram dois grandes pedaços de troncos caídos ao solo, próximos ao oceano. Wotan esteve observando-os longo tempo, até que, afinal, teve outra grande idéia:

- Irmãos, façamos de um destes troncos um homem e do outro, uma mulher! E assim se fez: ele foi chamado de Ask (Freixo) e ela, de Embla (Olmo). Wotan lhes deu a vida e o alento; Vili, a inteligência e os sentimentos; e Ve, os sentidos da visão e da audição. Este foi o primeiro casal, que andou sobre a terra e originou todas as raças humanas que habitariam por sucessivas eras a Terra-Média. Depois que Midgard e os homens estavam feitos, Wotan decidiu que era preciso que os deuses tivessem também uma morada exclusiva para si:

- Façamos Asgard e que lá seja o lar dos deuses! - exclamou ele, que, como se vê, era um deus de energia e vontade inesgotáveis.

Este reino estava situado acima da elevada planície de Idawold, que flutuava muito acima da terra, impedindo que os mortais o observassem. Além disso, um rio cujas águas nunca congelavam - o Iffing - separava a planície do restante do universo. Mas, Wotan, sábio e poderoso como era, entendeu que não seria bom se jamais existisse um elo de ligação entre deuses e mortais. Por isso, determinou que fosse construída a ponte Bifrost (a ponte do Arco-íris), feita da água, do fogo e do mar. Heimdall, um estranho deus nascido ao mesmo tempo de nove gigantas, ficaria encarregado, desde então, de vigiá-la noite e dia para que os mortais não a atravessassem livremente no rumo de Asgard. Para isso, ele portava unia grande trompa, que fazia soar todas as vezes que os deuses cruzavam a ponte.

A morada dos deuses possuía várias residências, as quais foram sendo ocupadas pelos deuses à medida que iam surgindo. O palácio de Wotan, o mais importante de todos, era chamado de Gladsheim. Ali, o deus supremo linha instalado o seu trono mágico, Hlidskialf, de onde podia observar tudo o que se passava nos Nove Mundos e receber de seus dois corvos, Hugin (Pensamento) e Muniu (Memória), as informações trazidas das mais remotas regiões do universo.

Entretanto, se na mais alta das regiões estava situado o paraíso daquele soberbo universo, nas profundezas da terra, muito abaixo de Midgard, estava o Niflheim, o horrível e gelado reino dos mortos. Lá pontificava a sinistra deusa ú, filha de Loki, que se regozija Com a fome, a velhice e a doença, e que tem ao lado a serpente Nidhogg. Esta se alimenta dos cadáveres dos mortos e se dedica a roer continuamente uma das raízes da grande árvore Yggdrasil, um freixo gigantesco que se eleva por cima do mundo e deita suas raízes nos diversos reinos, entre os quais, o próprio Asgard. Ao alto da copa frondosa desta imensa árvore, sobrevoa uma gigantesca águia, que vive em guerra aberta contra a serpente Nidhogg. Um pequeno esquilo - Ratatosk -, que passa a vida a correr desde o alto da Árvore da Vida até as profundezas onde está a terrível serpente, é o leva-traz dos insultos que estas duas criaturas se comprazem em trocar sem jamais esgotar seu infinito estoque de injúrias.

Nesta árvore fundamental, diz a lenda que o próprio Wotan esteve pendurado durante nove longas noites, com uma lança atravessada ao peito, para que pudesse aprender o significado oculto das Runas, o alfabeto nórdico, que rege e governa a vida dos deuses e dos homens. Quando seu martírio terminou, Wotan havia se tornado, definitivamente, o mais poderoso e sábio dos deuses, tendo o poder de curar doenças e de derrotar os inimigos com sua poderosa lança, Gungnir - ao mesmo tempo, sua mais poderosa arma e local de registro de todos os seus acordos.

Yggdrasil é o centro do mundo, e, enquanto suas raízes continuarem a suportar o peso de seu prodigioso tronco e de seus ramos infinitos, o mundo estará firme e a vida será soberana, sob os auspícios de Wotan, senhor dos deuses.

Mitologia - Mitologia Nórdica
Cosmogonia - , 
8/6/2017 9:22:10 PM | Por Nanon Gardin
A criação do mundo no mito japonês

Deuses invisíveis - Nesse tempo, só a luz pálida das estrelas iluminava a terra, uma vez que o Sol e a Lua ainda não tinham nascido. Acerca das primeiras gerações de deuses nascidos do magma viscoso, não há muito a dizer. Nas Altas Planícies Celestes, as gerações divinas sucedem-se, aparecem e desaparecem no nada, sem que ninguém saiba porquê. Por fim, após sete gerações de deuses, aparece o primeiro casal divino que não se esconde, Izanagi e Izanami. A criação do mundo pode então começar. A terra assemelha-se ainda a uma mancha de óleo ou a uma medusa a flutuar no oceano primordial. Para que a vida nela apareça, é necessário consolidá-la. Os deuses invisíveis confiam esta tarefa a Izanagi e Izanami, dando-lhes, para isso, uma enorme lança ricamente decorada. Em pé sobre a ponte flutuante do céu, Izanagi e Izanami mexem o oceano com a sua lança ornada de pedras preciosas e, depois, puxam-na para fora de água. Algumas gotas soltam-se dela e, ao caírem no oceano, transformam-se em uma ilha, Onogoro, o primeiro arquipélago do Japão.

«Desta mistura confusa saiu a parte mais pura, o céu. O que ficou foi a terra, que caiu em um amontoado gelatinoso.» (Kojiki)

O Homem-que-convida e a Mulher-que-convida, ou o divino protocolo

O Homem-que-convida e a Mulher-que-convida, significado de «Izanagi» e «Izanami», encontram esse lugar aprazível e decidem fundar aí o seu lar para engendrarem outras ilhas. Começam por erguer «um augusto pilar celeste» e um grande palácio. Em seguida, Izanami, fascinada pela beleza e força de Izanagi, pede-o em casamento. Izanagi aceita e procedem ao seguinte ritual: Izanagi contorna o pilar pela esquerda, enquanto que Izanami o contorna pela direita. Quando ela encontra Izanagi, grita: «Que jovem tão bonito!» As divindades ficam extremamente contrariadas, pois a mulher não deve falar antes do homem, e, para punir Izanami, fazem-na dar à luz uma criança disforme, uma criança-sanguessuga, que os pais abandonam ao sabor das ondas um uma barca de junco. O casal recomeça então o ritual, desta vez de acordo com as regras, e Izanami dá à luz as Oyashima (o Grande País das Oito Ilhas, ou seja, o arquipélago nipônico), bem como numerosos deuses: os kami do vento, das montanhas, das árvores, etc. A infeliz Izanami é mortalmente queimada ao dar à luz Kagutsuchi, o deus do Fogo. No entanto, durante a sua agonia, consegue dar origem a muitos outros deuses antes de soltar o último suspiro. Indignado, Izanagi apressa-se a cortar a cabeça do bebé Kagutsuchi, e das gotas do seu sangue que salpicam os rochedos nascem muitas outras divindades, fortes e viris.

Viagem à terra das raízes

Inconsolável, Izanagi resolve ir à região de Yomi, a terra dos mortos, «o misterioso país das raízes», ainda sem habitantes nesses tempos longínquos, para suplicar a Izanami que volte para junto de si. O mito japonês apresenta aqui semelhanças com o mito de Perséfone e o de Orfeu e Eurídice. A jovem responde-lhe que não pode regressar ao mundo dos vivos porque ingeriu comida de Yomi, que interdita esse regresso. No entanto, como o domínio dos mortos estava mergulhado nas trevas, Izanagi apodera-se do pente da sua esposa adormecida para o acender como uma tocha e olhara sua bela mulher. Apercebe-se então que tem debaixo dos olhos um cadáver decomposto, com o corpo carcomido por larvas. Horrorizado, foge e tapa a entrada de Yomi com uma enorme rocha, sem se impressionar com os monstros que Izanami lança em sua perseguição nem com as ameaças terríveis que ela profere do interior, «Porque fizeste isso? Retira imediatamente esta rocha, ou matarei mil homens por dia.» Ao que Izanagi responde: «E eu criarei mil e quinhentos homens todos os dias!» A partir desse momento, Izanami passou a reinar sobre o mundo dos mortos com o nome de Yomotsu-ô-kami, e é desde essa altura que os homens são mortais. Izanagi, sentindo-se sujo pelo seu contacto com o cadáver, resolve banhar-se em um rio. À medida que lança à água as suas roupas e o seu bastão, nascem novos deuses. Decide então partilhar o universo entre os seus três filhos mais gloriosos, criados no momento em que lavava o rosto: Amaterasu (kami do Sol), nascido do seu olho esquerdo, Tsukiyomi (kami da Lua), nascido do seu olho direito, e Susanoo (kami tufão), nascido do seu nariz. Torna-se assim o pai dos grandes deuses.

Mitologia - Mitologia Japonesa
Cosmogonia - , 
8/6/2017 3:29:36 PM | Por Sarah Bartlett
Mitos de criação védicos

Esse mito e proveniente dos Rig-Vedas, os livros sagrados mais antigos das divindades pré-hindus, e que datam de cerca, de 2000 a 3000 a.e.c. Parusha, um ser primordial, e desmembrado é usado para criar diferentes elementos do mundo material. Sua estória semelhante a de Ymir, em que a essência do mundo foi criada a partir do mais notável tipo de sacrifício o autosacrificio. No oceano primordial flutuava um ovo de ouro. Esse ovo havia boiado por 1.576.800.000.000 anos mortais na imensidão do agitado mar do caos. Sozinho dentro do ovo de ouro estava Parusha, já farto de sua solidão. Quando o fogo aqueceu as águas escuras e o oceano encapelou-se, o ovo se partiu. Parusha era o universo manifestado e ele surgiu do ovo com mil cabeças, mil mãos e mil olhos. Como se sentia só dividiu-se em dois. Um quarto dele produziu a Terra e Viraj (poder universal feminino); o restante formou os deuses e o universo. Parusha, então, desmembrou suas partes remanescentes para completar a criação. Sua boca transformou-se em Brâman, o poder do universo; seus olhos tornaram-se o Sol; sua mente virou a Lua. Nada foi desperdiçado: ele se tornou tudo e é tudo. Se ele mudar de ideia e juntar-se todo novamente, o universo acabará.

Prajapati

Outro deus védico, Prajapati, também é descrito como o criador universal. Ele sobreviveu até o período hindu, quando se fundiu com Brahma. Em algumas narrativas, ele criou os primeiros deuses por meio de meditação e jejum. Uma de suas primeiras criações foi sua filha Ushas, a aurora. Mas ele a cobiçou, o que a deixou tão aterrorizada que ela preferiu transformar-se em uma corça. Ele simplesmente converteu-se em veado e seu sêmen caiu sobre roda a Terra, criando as primeiras pessoas. Em outro relato, Prajapati criou-se a partir do mar primordial e chorou com a visão de seu vazio. Suas lágrimas deram origem aos continentes e, em seguida, descascou seu corpo, camada por camada, como uma cebola, e criou todo o resto a partir disso.

Mitologia - Mitologia Indiana
Cosmogonia - , 
8/6/2017 3:28:34 PM | Por Sarah Bartlett
A criação segundo o povo Minyong

O povo minyong, do nordeste da índia, permaneceu intocado pela mitologia védica ariana e o hinduismo posterior resultante. Esse antigo mito, que data, de 2000 a.e.c., narra a derrubada dos criadores do universo por seus descendentes, e a, subsequente necessidade de restabelecer o equilíbrio
entre a Luz e a escuridão. Antes, havia apenas escuridão e Sedi, a Terra, e Melo, o Céu. Sedi e Melo acasalaram-se e criaram o primeiro povo, chamado wiyus, mas eles estavam comprimidos e esmagados entre a Terra e o Céu, por isso, um dos maiores wiyus, chamado Sedi-Diyor, agarrou seu pai, o Céu, e o chutou até que ele fugiu para o alto. Sedi havia dado à luz duas filhas, mas como Melo a abandonara, não suportava olhar para elas. Então, Sedi-Diyor arranjou-lhes uma babá. À época em que já podiam caminhar, elas brilhavam como estrelas. Iluminavam o mundo com sua luz, mas, então, morreram de desgosto quando sua velha babá faleceu, e a luz que irradiavam também morreu. Tudo mergulhou em trevas novamente. Assim, os wiyus ficaram com medo e perguntavam-se se a velha babá havia roubado a luz das crianças. Desenterraram o corpo dela, mas haviam restado apenas os olhos no cadáver apodrecido e, quando os wiyus os encararam, viram seu próprio reflexo e pensaram que eram as crianças. Um carpinteiro foi trazido para arrancar os olhos e remover os reflexos, que depois se transformaram em crianças de verdade.

Chamaram uma de Bomong e a outra de Bong. Mas essas crianças brilhavam com tamanha violência que havia luz e calor demais - as árvores começaram a murchar, as rochas a se desintegrar e os rios a secar. O calor era intenso e nunca havia qualquer escuridão. Os wiyus concordaram que deveriam destruir uma das crianças de luz, para que o mundo pudesse ter tempos de chuva e de escuridão também.

Sapo

O Sapo foi encarregado da terrível tarefa de matar Bong. Quando ela passou pelo Sapo, secando-o com seu calor radiante, ele atirou uma flecha em seus olhos e Bong morreu. Bomong ficou com tanto medo de também ser morta que correu para a floresta e colocou uma pedra enorme em cima de sua cabeça, e o mundo se tornou escuro. Então, como os wiyus perceberam que precisavam de luz para se manter vivos, enviaram um galo e um rato para pedir a Bomong para voltar. Mas ela disse: “Como eu poderia? Vocês mataram minha irmã, só vou voltar se vocês a trouxerem de volta à vida”.

O galo contou aos wiyus, que fabricaram um corpo de madeira, e o carpinteiro insuflou-lhe vida. Quando Bomong ouviu que sua irmã estava viva, retirou a enorme pedra de sua cabeça e novamente a luz irradiou dela. Entretanto, como Bong havia sido feita de madeira, sua luz havia desaparecido, e houve equilíbrio no mundo.

Mitologia - Mitologia Indiana
Cosmogonia - , 
8/6/2017 2:50:05 PM | Por Sarah Bartlett
Criação do mundo na mitologia finlandesa

Luonnotar, virgem e filha do ar, lançou-se ao mar e lá ficou insuflada pelo vento durante sete séculos e nadando sem cessar por todos os mares, até que pediu a Ukko, Deus supremo, que a ajudasse a parir após aquela interminável gravidez do ar. Um pássaro, uma magnífica águia do céu, veio pousar-se nas suas pernas e nelas pôs o seu ninho e seis ovos de ouro e mais outro de ferro, chocando-os durante três dias, até que Luonnotar sentiu o calor abrasador dos sete ovos e meteu as suas pernas na água, para refrescá-las; então os ovos caíram no mar e deles brotou a Terra, com o seu céu, a sua Lua e o seu Sol, mas a virgem continuaria na água, durante mais outros dez anos, até que Luonnotar decidiu criar vida nessa Terra e dar forma aos continentes e às ilhas; mas ainda esperou outros trinta anos, até que por fim pariu o já velho e gigantesco Vainamoinen, que caiu no mar e nele continuou, como a sua mãe, nadando, até que, depois de oito anos, tocou a terra firme e pôde contemplar ensimesmado aquela primeira ilha, aquele mundo maravilhoso que a sua mãe tinha criado e que agora o rodeava com todo o seu esplendor.

Sozinho estava Vainamoinen, até que o deus Sampsa veio ensinar-lhe a forma de cultivar o solo com as suas sementes, embora a Vainamoinen não lhe parecesse demasiado perfeito o que cresceu na sua ilha. De maneira que quatro virgens saídas do mar cortaram a erva e queimaram-na até, que da verde vegetação, só restou a cinza. E uma azinheira começou a crescer, imbatível, apoderando-se da terra e do ar. De maneira que Vainamoinen pediu à sua mãe que o ajudasse a derrubar aquela árvore, e apareceu um diminuto ser que depois também cresceu e cresceu, como a azinheira. Com uma folha de erva formou um machado e com ela a azinheira derrubou de três golpes. Tinha provado qual era a força e o poder da magia; também tinha deixado espaço para que a vegetação recebesse a luz do sol e todas as plantas medrassem. Vainamoinen fez-se ele próprio um machado e derrubou todas as árvores que tinham crescido, todas menos o abedul, no qual se pousaram os pássaros do céu.

Mitologia - Mitologia Finlandesa
Antropogênese - , 
8/3/2017 12:45:25 PM | Por Antônio Daniel Abreu
Nü Wa, a criadora dos homens

A lenda de Pan Gu, o criador do Universo, conta que apos a morte de Pan Gu, o seu espirito deu origem a humanidade. Existe, no entanto, uma outra lenda que relata ter sido Nü Wa, uma bondosa e gentil deusa, a criadora da humanidade, tendo também sido ela quem, trabalhando exaustivamente em desafio, remendou o céu que tinha sido destruído - contribuindo assim largamente para a sobrevivência e felicidade da raça humana. Esta historia prossegue do seguinte modo: Apos a união do Universo, a deusa Nü Wa encetou longas viagens por todas as partes mais recônditas do firmamento e da terra. No majestoso céu, o sol, a lua e as estrelas competiam em esplendor; no poderoso mundo, altas montanhas, longos rios, luxuriante vegetação, viçosas arvores, alegres animais, cantoras aves, irrequietos peixes, enfim... tudo, aparentava vigor e pujança. A deusa sentiu-se rejubilante com tudo quanto viu, todavia, sentiu ainda haver algo de insuficiente. Sim, era ainda necessário criar um ser que fosse mais inteligente que tudo e todos, capaz não só de trabalhar, mas também de comandar e administrar o mundo. Por mais perfeito que fosse o universo, por maior variedade de espécies vivas que tivesse o mundo, era essencial criar um elo de ligação entre todas as coisas através de raça humana. Dando asas à sua imaginação criadora, a deusa Nü Wa modelou a sua própria imagem uma serie de figurinhas de aspecto humano, dando-lhes os dons do movimento e da fala.

Satisfeita com a sua concepção, a deusa decidiu esmerar-se e prosseguir com o seu trabalho, e assim, passado pouco tempo, um grupo de figurinhas humanas de ambos os sexos surgiu na sua frente, cantando e pulando alegremente.

A deusa deu as figurinhas o nome genérico de "homens", que realmente veio a designar todo o ser vivo que normalmente se mantem e se locomove em uma posição ereta. Se bem que a deusa Nü Wa não parasse de fazer mais e mais figurinhas em uma tentativa sobre-humana de povoar o vasto território terrestre com homens dotados de poder de fala e de movimento, por mais esforços que fizesse a sua capacidade de fabrico seria sempre pequena em proporção a imensidão do planeta, vindo os homens a sentirem-se demasiadamente sós e dispersos em sua superfície. Apos ela ter trabalhado afincadamente dias seguidos, o em número de pessoas que se encontravam dispersas no mundo continuava bastante reduzido. Cansada, veio-lhe de repente a mente uma ótima ideia. Partindo um caniço de uma montanha, atou a uma das suas extremidades uma grande pedra. Segurando-a na extremidade do lado oposto, e depois colocando entre ela e a pedra de permeio um monte de barro, a deusa começou a rodar velozmente o caniço tal como se fosse uma criança saltando a corda.

Oh, inesperado milagre! Imediatamente, os pedaços do barro que o caniço desprendia com a sua rotação, se transformavam em energéticos homenzinhos, mal tocavam o solo. Tratava-se realmente de um método mais econômico e eficaz! Incessantemente, uns apos outros, milhares de homens foram assim produzidos, vindo-se a dispersar pelos quatro cantos do mundo, adequadamente povoando a terra inteira. Depois, e para que a humanidade não se extinguisse, a deusa Nü Wa concebeu regime de casamento entre homens e mulheres - de modo que estes pudessem se amar mutuamente, estabelecerem famílias e procriarem-se. Por isso, os povos da antiguidade chamavam Nü Wa de a "casamenteira santa" ou de a "deusa do casamento".

Mitologia - Mitologia Chinesa
Cosmogonia - , 
8/3/2017 12:30:41 PM | Por Antônio Daniel Abreu
PanGu, o Criador do Universo

Há muitos e muitos anos atrás, antes do principio do céu e da terra, o Universo constituía uma confusa massa negra que se assemelhava a um grande ovo, dentro do qual se encontrava em crescimento e dormia a sono solto um gigantesco embrião, chamado Pan Gu. Passados cerca de 18 mil anos, Pan Gu começou a acordar. Quando, finalmente, abriu os olhos e se pôs a olhar em volta, descobriu que tudo era tão negro que não conseguia distinguir nada. Isto o aborrecéu muito, tanto que, acabando por ficar enraivecido, abriu a palma da sua enorme mão e, brandindo o seu possante braço, desferiu um violento golpe na confusão negra que o rodeava. Craque! O ovo estalou com um colossal estrondo, fragmentando-se a negritude que se encontrava estática e condensada nele há centenas de milhares de anos.

Na sucessão deste acontecimento, os elementos que eram mais leves subiram lentamente para as alturas e dispersaram-se gradualmente, acabando por se transformar no azul do céu, enquanto que os mais pesados e turvos desceram vagarosamente para as profundezas, transformando-se na terra. De pé, entre o céu e a terra, Pan Gu respirou, então, profundamente, sentindo-se agora muito à vontade e prazenteiro.

O céu e a terra estavam finalmente separados, contudo, Pan Gu, tendo receio de que eles viessem a juntar-se de novo, resolveu sustentar o céu com os seus braços levantados, calcando firmemente a terra com os seus pés. Entretanto, o corpo de Pan Gu crescia tão rapidamente que atingia em media três metros por dia, e o céu e a terra distanciavam-se, assim, quotidianamente, cerca de três metros. Passados 18 mil anos, o céu tinha atingido colossais alturas e a terra tinha-se tornado extremamente compacta. Entretanto, por mais estranho que possa parecer, Pan Gu tinha crescido descomunalmente. Mas, afinal, qual era agora a altura de Pan Gu? Dizia-se que tinha ultrapassado 45 mil quilômetros. Tinha-se realmente transformado em um extraordinário gigante que tocava o céu com a cabeça e tinha os pés firmemente assentes na terra.

Fora justamente graças à força divina de Pan Gu, que o céu e a terra tinham sido criados, e era agora devido a sua interposição, que estes se mantinham separados, não havendo jamais o perigo de virem a juntar-se de novo. Se bem que a original confusão negra tivesse desintegrado completamente e não fosse mais do que uma memoria do passado, Pan Gu tinha ficado tão exausto na sua grandiosa obra de criação, que não tardou a morrer de cansaço.

Apos a criação do céu e da terra, Pan Gu tinha imaginado poder vir a criar um brilhante e esplendoroso mundo sobre o qual pairassem o sol e a lua, revestido por montanhas, rios e toda uma variedade de coisas, habitados pelos homens e demais seres vivos. Infelizmente, devido à sua morte prematura, não pode realizar esse seu grandioso plano, mas, antes de dar seu ultimo suspiro, ainda teve alento para metamorfosear partes do seu corpo moribundo.

O seu hálito transformou-se em brisa, nas nuvens e nos nevoeiros do céu, e a sua voz no estrondo dos trovoes.

O seu olho esquerdo transformou-se no sol resplandecente que ilumina a terra, o seu olho direito na lua brilhante, e os seus cabelos e bigodes na minada de estrelas do firmamento.

Os seus quatro membros e tronco transformaram-se em cinco maciças montanhas - quatro perdendo-se nas extremidades de leste, oeste, sul e norte do planeta, situado no centro do universo.

O seu sangue transformou-se em impetuosos rios que passaram a sulcar a crosta terrestre, e os seus tendões, em caminhos que intercomunicam todos os pontos do globo.

Os seus músculos transformaram-se em terras férteis, e os seus dentes, ossos e tutano, respectivamente, em perolas, jade e inesgotáveis recursos minerais subterrâneos.

Os pelos do seu corpo transformaram-se na relva e nas arvores que abundam, disseminadas por todo o mundo, e o seu suor, na chuva e na garoa que são o alimento de todas as plantas.

Em resumo, se bem que a criação do universo se devesse inteiramente aos esforços divinos e ao espirito de abnegação do gigante Pan Gu, a maravilhosa variedade, exuberante riqueza e intima beleza deste mundo, são produtos do seu corpo.

Conta-se ainda que a raça humana gerou-se a partir da sublimação da alma do grande gigante, o que significa serem todos os seres humanos descendentes de um antepassado comum: Pan Gu. Não é de estranhar que a humanidade, enquanto espirito do universo, tenha sido capaz de - graças a sua superioridade - controlar tudo quanto existe na superfície da terra, de arrasar montanhas, de modificar o curso de rios e mesmo de transformar a Natureza de uma maneira mais benéfica, duradoura e propicia ao prospero futuro de todos os seres humanos.

 

Mitologia - Mitologia Chinesa
Cosmogonia - , 
7/30/2017 3:21:18 PM | Por Carmen Seganfredo
A cosmogonia egípcia de Heliópolis

Nada ainda existe nomundo a não ser Nun, o grande oceano primitivo que um dia será chamado pelos sábiod e "sagrado Nilo". Ao seu redor, reinam o silêncio, as trevas e o caos infinito, não havendo ainda olho humano que possa perceber a ausência das formas, dos volumes e das cores. Não há nem mesmo morte nesse opaco universo, já que vida alguma existe ali. O informe deus Nun permanece imerso desde sempre em seu sono primitivo, não passando ele – e o próprio universo, já que Nun e ele se confundem – de um grande espelho liquefeito de águas imparciais, escuras e silentes, a relfetirem o nada inexpressivo que habita o mundo. E então, inesperadamente, o grande mistério acontece: Num começa subitamente a mover-se, depertando, enfim, de seu longo sono primordial. Negras tempestadres agitam o espelho opaco das águas revoltas enquanto grandes massas escuras de água são lançadas para o algo, fazendo explodir em todas as direções imensos e trepidantes jorros de espuma negra.

Aos poucos a força vital de Nun começa a operar, e das profundezas do mar revolto surge lentamente uma pequena ilha envolta pelo impenetrável manto da escuridão. Um primeiro progresso se fez perceber, pois onde antes havia somente uma, agora há duas trevas: a treva imóvel da terra e a treva ondulante do mar. Brotada no centro dessa pequena ilha ergue-se, aos poucos, uma pequena flor de lótus, alva e delicada e que se destaca no meio da treva circundante. O universo conhece seu primeiro momento de espantosa beleza ao contemplar aquela pequena flor, frágil e solitária, a desafiar a escuridão silente do Nada. Então, do centro da flor começam a emanar lentamente finíssimos raios de uma fulva claridade. As pétalas do lótus vão abrindo-se da luz que dele emana forma-se, finalmente, a figura soberana de uma nova e luzente divindade. Alguns a chamarão de Rá, outros de Amons e, ainda outros de Amon-Rá – aquele ser divino que um dia as gerações futuras louvarão como o abençoado deus solar.

A nova divindade emerge de seu delicado leito estendendo seus raios flamejantes pela terra inteira – ainda vasta paisagem árida e infinitamente desolada –, riscando o horizonte negro com seus retilíneos feixes dourados, até que tudo se torna claro o bastante apra que se possa separar a luz da treva. Recém-despertos para a vida, os olhos de Rá nublam-se de luminosas lágrimas ao enxergar o pouco que ainda há no mundo e o muito que lhe alta. Uma gota cristalina desliza e cai de seus olhos brilhantes, indo entranhar-se na terra dura e seca que o calor de seu próprio corpo gretara. Dessa gota divina, um dia, surgirá a humanidade.

Depois, os olhos do poderoso Rá fecham-se e seu pensamento se dedica a criar outras divindades que lhe façam companhia. Uma a uma elas vão surgindo, nomeadas pelo deus solar: primeiro Tefnet, a deusa da água, e Chu, o deus do ar, que habitarão no firmamento, glorificando o deus supremo. Então, da união desses dois deuses nascem Geb, deus da terra, e a bela Nut, deusa do firmamento. Os últimos, por sua vez, dão origem à primeira geração de deuses a habitar a sagrada terra do Egito: as deusas Ísis e Néftis e os deuses Seth e Osíris.

Primogênito entre todos, o puro Osíris virá ao mundo para cumprir o ciclo inteiro da vida e da morte. Será o grande deus civilizador que ensinará aos homens, ainda imersos na barbárie e na ignorância, as sagradas artes da agricultura e do culto. Ele tornará próspero o Egito, espalhando a civilização por todo o mundo, além de ser o primeiro deus a possuir a forma humana e a reinar sobre as criaturas de forma inconteste. Ísis, sua irmã e esposa, reinará ao seu lado sobre as terras que circundam o majestoso Nilo, em paz e harmonia, ainda que sob os olhos amargos de inveja do sinistro Seth, sedento de maldade e poder.

Muitas estórias de heroísmo e vilania dessa dinastia gloriosa ainda estão por acontecer: desde a decadência natural do primitivo Rá, e de como Ísis astuta lhe tormará o cetro, até o crime horrendo que Seth perpetrará contra seu próprio irmão Osíris. Ao fim de tudo, entretanto, o divino Horus, filho intrépido do deus assassinado, retomará o cetro que por direito eterno lhe cabe, enquanto Osíris irá reinar, sobereno, entre os mortos.

Mitologia - Mitologia Egípcia
Cosmogonia - , 
7/25/2017 9:49:08 PM | Por Luís Manuel de Araújo
A criação do mundo por Ptah

Eis os deuses que se manifestaram em Ptah: Ptah o grande trono (...) / Ptah-nun, o pai que criou Aton, / Ptah-Naunet, a mãe que gerou Aton, / Ptah, o Grande, é o coração e a língua da Enéade (...) A sua Enéade está diante dele como os dentes e os lábios de Aton, como o sêmen de Aton. A Enéade de Aton formou-se a partir do seu sêmen e dos seus dedos. A Enéade é verdadeiramente os dentes e os lábios na boca que proclamou o nome de todas as coisas. Dela saíram Chu e Tefnut, assim nasceu a Enéade. O coração manifestou-se sob a forma de Aton. A língua manifestou-se sob a forma de Aton. O deus maior é Ptah, que fez confiar a vida a todos os deuses e aos seus Kau. O seu coração é onde Hórus se manifesta em Ptah.

A sua língua é onde Toth se manifesta em Ptah. Então o coração e a língua tornaram-se nos que têm poder sobre os membros, segundo o ensinamento que surge em todo o corpo e em toda a boca de todos os deuses, de todos os homens, de todo o gado, de todos os vermes e de todas as coisas vivas, de acordo com o plano que comanda todas as coisas que ele ama. A visão dos olhos, o escutar das orelhas e o respirar da garganta sobem diante do coração. Ele gerou todos os deuses, e completou a sua Enéade. Na verdade, toda a palavra divina nasce a partir do conhecimento do coração e do comando da língua.

Ele criou os Kau e designou as bemsut. Eles criaram todo o alimento e todas as oferendas, de acordo com a sua palavra.

Para o que faz que faz o que é amado, ele dá vida e paz.

Para o que faz o que é odiado, ele dá morte e condenação.

Ele fez todos os trabalhos e todos os ofícios, as obras feitas pelas mãos, o andamento das pernas e todo o movimento dos membros, de acordo com a sua ordem, a palavra do conhecimento do coração que sai pela língua e faz todas as coisas veneráveis. Ele manifestou a sua palavra, concluiu a sua obra e formou os deuses.

Ele é Ptah-Tatenen, o que gerou os deuses. Todas as coisas saíram dele, as provisões, os alimentos para as oferendas divinas e todas as coisas boas.

Ele descobriu a sabedoria, e a sua força é maior do que a dos outros deuses. Desta forma, Ptah ficou verdadeiramente satisfeito com as suas obras, todas as coisas e todas as palavras divinas.

Ele gerou os deuses.

Ele Criou as cidades.

Ele estabeleceu todas as províncias.

Ele colocou os deuses nos seus santuários.

Ele definiu as suas oferendas.

Ele fundou os seus templos.

Ele fez as suas imagens veneráveis.

E elas tornaram-se os seus corpos através dos quais satisfaziam os seus desejos.

Deste modo, os deuses entraram nos seus corpos, feitos de todas as madeiras, de todas as pedras, de todas as espécies de argila, de todas as coisas que crescem sobre si, de onde eles se formam.

Ele reuniu todos os deuses e todos os seus Kau, satisfeitos e unidos com o senhor das Duas Terras.

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