Zoroastro dividiu a história cósmica em três etapas distintas: Bundahishn (a criação), Gumêcishn (a mescla) e Frashegird (a separação ou a renovação). O Bundahishn se deu em duas fases: na primeira, Ahura Mazda concedeu a vida a todas as coisas em um estado espiritual e imaterial, que em pahlavi se chama de menog, totalmente vulnerável ao mal e passível de ataques por parte de Angra Mainyu. Daí a segunda etapa, na qual o estado inicial do menog se transforma, originando e adquirindo o getig, o aspecto material e físico da existência. A criação foi sucedida pelo Gumêcishn, momento em que o espírito mal mata o touro e o homem primordiais - de cujos sêmens nasceram tanto os animais bons quanto o primeiro casal humano (Mashya e Mashyãnag).
Durante essa etapa, Angra Manyu se juntou aos devaes e espíritos maus (que havia criado para fazer frente aos Amesha Spenta) para atacar os homens, infligindo-lhes tudo aquilo que poderia causar sofrimentos morais, espirituais e físicos. O mundo não era mais totalmente bom, mas uma mistura entre o bem e o mal.
Na terceira etapa, Frashegird (palavra em pahlavi que provavelmente significa renovação), marcada pela purificação no fogo e a transfiguração da vida, a humanidade junta-se aos vazatas para restaurar o mundo a seu estado inicial, ou seja, antes da existência e dos ataques de Angra Mainyu. Nesse momento, o bem é separado do mal, os justos dos injustos. Para Zoroastro, a separação é uma etapa infindável da história. É o período no qual Ahura Mazda, os seis Amesha Spenta e a humanidade viverão em perfeita harmonia, cercados pela bondade e paz eternas. Com a restauração, o mundo retorna ao estado inicial. Entre a primeira e a última etapa, está o momento em que o bem e o mal se enfrentam, uma batalha na qual deuses e homens lutam pelo mesmo ideal. Ora, a doutrina de Zoroastro não só concede a todos o livre-arbítrio como oferece à humanidade uma razão pela qual viver.